quarta-feira, setembro 10, 2014

Diário de um Fotógrafo

      Minha vida de fotógrafo é cheia de episódios e fatos um tanto enusitados. Já passei por cada situação que contanto há quem duvide ou então morra de rir. Há uma imensa variedade de atuação do profissional no mercado, que vai desde ao foto jornalismo aos eventos sociais e tantas outras areas. Entrei para o mercado de eventos sociais, casamento, aniversário, eventos, festas, bodas, coisas deste tipo. Dentre as muitas histórias vivenciadas quero dar um destaque especial para um episódio que ocorreu ha mais de sete anos atrás, começou meio constrangedor e terminou com um final feliz.
      Fui contrato por um casal para cobrir o casamento, fotos da igreja, recepção e produção na semana seguinte ao casamento. As fotos da igreja e recepeção ficaram muito bonitas, a família colaborou na execução do trabalho. Na segunda feira seguinte, conforme combinado com o casal, faríamos as fotos externas, com o horário agendado na parte da manhã. Até aí tudo bem, fui á casa dos pombinhos no meu veículo, no horário marcado, pois pontualidade é muito importante nesta profissão.
       Ao chegar lá me deparei com a noiva com cara de quem comeu e não gostou, estava nervosa e extressada, tentei acalma-la, pois ser fotógrafo é ser um pouco de psicólogo também, precisamos entender um pouco os dilemas e aflições das pessoas e saber contornar determinadas situações. Após conversarmos um pouco ela desabafou comigo "Você acredita que aquele cara de pau me deixou aqui, em plena lua de mel e foi lá abrir a mercearia dele, como se nosso casamento não tivesse importância nehuma?", confesso que na hora fiquei sem saber o que responder-lhe, mas ela não ficou só nisto, arrumou-se, colocou seu lindo vestido branco e pegou a roupa do noivo e colocou dentro do carro e me disse o seguinte: "Vamos lá na mercearia agora, se ele não entrar neste carro e fizer estas fotos eu vou quebrar o maior barraco lá na porta, vê se pode uma coisa destas!". Me vi no meio de um fogo cruzado, com tiro pra todo lado.
        Fomos então até a mercearia, chegando lá a noiva me disse: "Vá lá e diz pra ele entrar neste carro agora, senão eu vou lá e faço ele entrar na marra!", a coisa tava feia mesmo, e agora, deveria dar o recado como recebido? Desci então do carro e fui até o noivo, ele já me olhou de cara feia e ao ver a amada furiosa no carro, pois já sabia do seu temperamento, ficou de cara feia também para mim. Que situação, que dia difícil! Disse-lhe então:"Sua esposa pediu-me para pegá-lo aqui e irmos ao local da comibinado para fazermos as fotos da produção, conforme havíamos combinado antes" ao que me respondeu "eu já disse para ela que não vou fazer esta porcaria de foto, pode ir embora daqui!", E agora? o que fazer? dava o recado pra noiva ou não? iria embora ou tentava cotornar a situação? não tinha muito tempo, a ocasião exigia uma decisão rápida e sábia. Voltei-me para ele e lhe perguntei então: "Você ama mesmo esta mulher?" Ele me olhou com os olhos arregalados e disse em claro e alto som "Sim, é claro que a amo!", então falei-lhe o seguinte: "Olha, esta mulher abriu mão de todos os homens para estar do seu lado e o que ela deseja é tão fácil de você resolver, isto para ela é um sonho e está ao seu alcance de torná-lo possível." diante de tais palavras ele se quebrantou e até o semblante mudou na hora, pegou as chaves  e fechou a mercearia.
     Fomos ao local da produção e fizemos fotos lindas e maravilhosas, porém até hoje nunca comentei com eles o que ouvi de cada um naquele dia, pois ser fotógrafo é também saber ouvir e guardar segredos.

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